quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Poema - Se eu permitisse que o amor escorresse da minha alma?
Se eu permitisse que o amor escorresse da minha alma?
E se eu permitisse que o amor escorresse da minha alma
O que restaria de mim
Desta matéria da qual sou composto
Carne e osso?
Poderia algum dia juntar-me aos homens
Compartilhar do mesmo alimento
Sentar-me a mesa da Santa Ceia
Sem, contudo ficar constrangido?
E quando beijar-lhe a face
Não seria o beijo de um traidor?
Mas o amor não está suspenso dos homens?
Não é senão coisa abstrata, mentira escarrada?
Tenho aprendido com os homens
A não fazer guerras e nem religião
Tenho aprendido a viver pouco
Tenho aprendido a ter piedade e compaixão
Para não construir bombas nucleares
E varrer a Terra de vez
É preciso se desesperar com os homens
E indagar ao final da madrugada
No amplo silêncio do infinito
Sobre se eu permitisse
Que o amor escorresse da minha alma?
Alex Zigar
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Poema - Inconstâncias
Inconstâncias
Onde estão tuas mãos?
Nesta noite seca elas não desceram
Para acalmar-me da loucura do mundo
Abro a janela
Há tiros e inconstâncias nas ruas
Ficamos sós.
Em noites silenciosas teu corpo nu me marcou
Como o galopar de um animal selvagem
Escuta
Há tiros e inconstâncias nas ruas
Hoje não tenho tua pele na minha
Nem literatura nem poesia
Tenho carros e discussões absurdas nas ruas
Não, não nos entendemos
Ninguém se compreende no tumulto
Fiquei só.
Em noites silenciosas teus seios e tuas pernas
Adentraram sussurrando em meu corpo
Nota
O mundo não tem calma nem cama
Para silenciar-se ou gozar
É apenas tumulto
Que nos confunde e funde na incompreensão
Das mãos
Não sejamos como o mundo
Nesta noite ficamos sós. Distantes.
Ouvindo as inconstâncias das ruas
Sem silêncio nem gozo.
Alex Zigar
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