[No limiar da eternidade (1890) - Vincent van Gogh]
Apenas esperas
A sorte
O ônibus o trem
A revolução não veio
É inútil esperar
Então cava
Planta
Colhe
O mundo fez-se vazio
Os homens vazios
Vazios são os sonhos
Todos Eles estão mortos
A revolução não veio
É inútil se enforcar
Ou invadir terras
Assaltar o mercado
Ou fazer guerras
Marte está próximo
Falam os fios
E computadores
Distantes estão as mãos
A revolução não veio
As mulheres são assassinadas
Os inocentes presos
Os protestos nulos
As eleições em outubro
A revolução não veio
A felicidade está nos mercados e nas feiras
Deus e o diabo brigam por dinheiro
Nas empresas e nas igrejas
Os homens estão desertos de utopias
A revolução não veio
Cavas em atônito silêncio
E tentas enterrar a tua dor
Pois não há remédios
Pois não há salvação
A brutalidade é alucinada demente
Corriqueira assassina
Precipitas a falar com fantasmas
Pois os homens se calaram com diálogos inúteis
Eles não vivem
Só de pão
Mas de ódios e guerras
E não houve revolução
Admirável seria rebelar-se
Insurgir-se contra todos
Mas é inútil lutar sozinho
E cometer um crime
Então apenas esperas
O ônibus
O trem
Pois a revolução não vem
Apenas esperas
A sorte
O ônibus o trem
A revolução não veio
É inútil esperar
Então cava
Planta
Colhe
O mundo fez-se vazio
Os homens vazios
Vazios são os sonhos
Todos Eles estão mortos
A revolução não veio
É inútil se enforcar
Ou invadir terras
Assaltar o mercado
Ou fazer guerras
Marte está próximo
Falam os fios
E computadores
Distantes estão as mãos
A revolução não veio
As mulheres são assassinadas
Os inocentes presos
Os protestos nulos
As eleições em outubro
A revolução não veio
A felicidade está nos mercados e nas feiras
Deus e o diabo brigam por dinheiro
Nas empresas e nas igrejas
Os homens estão desertos de utopias
A revolução não veio
Cavas em atônito silêncio
E tentas enterrar a tua dor
Pois não há remédios
Pois não há salvação
A brutalidade é alucinada demente
Corriqueira assassina
Precipitas a falar com fantasmas
Pois os homens se calaram com diálogos inúteis
Eles não vivem
Só de pão
Mas de ódios e guerras
E não houve revolução
Admirável seria rebelar-se
Insurgir-se contra todos
Mas é inútil lutar sozinho
E cometer um crime
Então apenas esperas
O ônibus
O trem
Pois a revolução não vem
Alex Zigar
o mestre Van Gogh...
ResponderExcluiradmiração tamanha, emoção tamanha eu sinto!
difícil até explicar,
e a composição das tuas palavras,marcam este post com um silêncio marcante...
tudo, muito forte...
ResponderExcluirabraços com carinho,
Angela
se me permite, vou deixar um link, não sei se já teve a oportunidade de assistir esse vídeo...
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=nkvLq0TYiwI&NR=1
Ângela, obrigado pela visita. Sem dúvida, “Starry Starry Night”é uma belíssima homenagem, sobretudo hoje, quando se completa 120 anos da morte do artista. Creio que já percebeu o quanto admiro este pintor. Obrigado.
ResponderExcluirAbraços!
Muito boa a ideia gancho do poema, uma revolução que não veio, mas mesmo assim temos: As mulheres assassinadas / inocentes presos / protestos nulos e ainda mais: brutalidade alucinada / demente / Corriqueira assassina
ResponderExcluirParece que por aqui, em nosso país, já vivemos no clima da revolução, apesar dela não chegar nunca.
A revolução não veio. Muito bom.
o quanto nós admiramos Alex...
ResponderExcluire o quanto eu o respeito também...
sim, eu sei,
e senti que o fez, como uma homenagem neste dia...
mais um abraço!
Alex, acabei de ouvir no rádio que devemos fazer uma revolução... acho que vc já começou, revolucioando com poesia! Abçs!
ResponderExcluirKovacs, agradeço a visita e o elogio. Realmente o Brasil é o eterno país do futuro. Neste poema, assim como em “Elegia 2008” (outro poema de minha autoria), o eu-lírico encontra-se num eterno ponto de espera. Humano, fragilizado por uma sociedade egocêntrica “Marte está próximo(...)/Distantes estão as mãos”, convive com a sua realidade externa: violência e injustiça; e interna: vazio e ilusões. Como um animal numa jaula, não adianta se debater. É preciso existir apesar do absurdo. A revolução é a mudança que sempre esperamos (existencial, social, etc).
ResponderExcluirMais uma vez obrigado.
Abraços!
Ângela, obrigado por este carinho. Sempre fico muito contente com sua participação. E feliz também por saber o quanto você aprecia a obra do gênio holandês. Realmente seus quadros são sensacionais. Mais uma vez agradeço.
ResponderExcluirAbraços.
O que seria deste blog sem seus comentários, Franck? É impressionante sua constância e o seu carinho. Só tenho que lhe agradecer por isto. E sim, vamos fazer uma revolução neste país injusto.
ResponderExcluirAbraços!
Escrita sublime!
ResponderExcluirSegui-lo-ei!
Seja bem-vinda a Letra Destoante, Marihanna. Fico contente em saber que alguém está lendo minhas oblíquas letras. E sublime é usar mesóclise. Obrigado pela visita.
ResponderExcluirAbraços!
Este não é apenas um poema, é um poema social, irmão dos de Brecht, Maiakovski.
ResponderExcluirNinguém faz nada sozinho. E tudo continua.
A vida continua.
Não há revolução de um só.
Abraços, Alex.
Richard, obrigado pela visita. Realmente a revolução não aconteceu e na noite sangram-se as dores do dia.
ResponderExcluirMais uma vez obrigado.
Abraços.
retribuindo a visita! muito lindo o teu blog... concerteza irei passear muito por aqui!
ResponderExcluirabraços
Alex, só pra vc saber que mesmo com a correria vim passar por aqui e ver as coisas novas.
ResponderExcluirContinue com o blog, mesmo sendo atrasada eu gosto de ler o que posta aqui.
Beijos
Karen, obrigado pelo carinho. Fico contente com sua presença neste espaço estranho. Agradeço também o incentivo. Obrigado mais uma vez.
ResponderExcluirAbraços!
A revolução não veio, mas já brota, dentro de ti.
ResponderExcluirSeja bem-vinda a literatura dissonante, Nicole. Obrigado pela visita e pelo carinho. É um prazer receber alguém tão inteligente por aqui. Seus blogs são maravilhosos. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado mais uma vez.
Abraços!