A vida dos pintores sempre rendeu bons frutos e inspirações para o cinema. Afinal, a vida desses artistas é dominada pelo desejo exclusivo de criação. Fernando Pessoa expressou muito bem esse desejo num poema que é quase uma oração:
“Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.”
O choque com uma realidade extremamente medíocre e, às vezes, estúpida termina por gerar um intenso conflito com a sensibilidade do artista, que, por fim, tem uma vida digna de roteiro de cinema. Roteiro que na mão de grandes diretores com excelentes atores pode render muito mais do que apenas um bom filme. Transforma-se numa obra de arte.
Selecionei cinco filmes relacionados com a arte da pintura. Os critérios levados para seleção dos vídeos são totalmente de gosto pessoal:
Selecionei cinco filmes relacionados com a arte da pintura. Os critérios levados para seleção dos vídeos são totalmente de gosto pessoal:
5 - Pollock – 2000
Jackson Pollock foi vítima de si mesmo. Considerado um dos maiores pintores americano do século 20, o filme conta a história do gênio: do anonimato ao sucesso (criador da técnica "action painting"); e do sucesso a degradação pelo vício do álcool.
4 - Sombras de Goya (Goya's Ghosts) - 2006
Interpretações sensacionais de Natalie Portman (Inês), Javier Bardem (Frei Lorenzo) e dirigido por Milos Forman (Amadeus). Sombras de Goya retrata um período da vida do pintor espanhol, numa época de turbulências políticas. Francisco de Goya (Stellan Skarsgard) é um observador dos dramas causados por disputas ideológicas, o que causa grande impacto nas suas pinturas.
3 - Frida – 2002
Frida é um filme sensacional. Retrata a vida não de uma simples mulher, mas alguém muito além do seu tempo. Ótima atuação de Selma Hayek (Frida Kahlo) e Alfred Molina (Diego Rivera). A direção ficou a cargo de Julie Taymor.
2 - Agonia e êxtase (The Agony and the Ecstasy) - 1965
Baseado no best-seller de Irving Stone, o filme mostra a agonia e o êxtase de Michelangelo (Charlton Heston) na criação de uma das mais belas pinturas do mundo: o teto da Capela Sistina. Mostra também o espírito de um verdadeiro artista e gênio diante de uma criação e a mediocridade do senso comum, Papa Júlio II (Rex Harrison).
1 - Sede de Viver (Lust for Life)- 1956
Também baseado no romance Best-seller de Irving Stone, Sede de Viver retrata a vida do genial Vincent van Gogh. O filme rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante para Anthony Quinn no papel de Paul Gauguin. Mas a atuação de Kirk Douglas (Van Gogh) também é simplesmente fascinante tanto que lhe valeu o Globo de Ouro. A direção foi de Vincente Minnelli.
Oi Alex!
ResponderExcluirRealmente a vida dos artistas tem um vínculo profundo com a criação. Os artistas,porém, diferem tanto entre si quanto as suas obras(e a obra de um artista muitas vezes tem a ver diretamente com sua obra). Existem artistas do barulho, do silêncio, extravagandes, neuróticos, tímidos. O cinema tende a torná-los dramáticos, excêntricos, grandiloquentes, colocá-los no pedestal de gênios, focar nos aspectos pessoais de suas vidas (geralmente romantizados). Realmente, há filmes sobre artistas que são obras de arte. Mas também tem outros que só rindo... Daqueles que você recomendou gostei muito de Pollock, e Frida também. Já Sombras de Goya (talvez por eu ter visto com a expectativa de um enfoque efetivo em Goya, sua obra, sua trajetória) e Agonia e êxtase (sei que é um clássico, mas não consegui aceitar a romantização) não me agradaram muito... Sede de Viver acho não vi, preciso conferir! Deixo a recomendação (sinta-se à vontade para desgostar também) do filme "Camille Claudel"...Eu acho que o filme não envelheceu nada, retrata bem o ambiente artístico parisiense da época, é muito coerente e a fotografia e a trilha sonora são ótimas também. É romantizado, mas pelo que eu andei estudando, Camille era REALMENTE bem fora do comum. Hehe, desculpe pelo comentário gigantesco e parabéns pela postagem!
ai...*(a obra de um artista muitas vezes tem a ver diretamente com sua personalidade)
ResponderExcluir(e a obra de um artista muitas vezes tem a ver diretamente com sua obra) = (e a obra de um artista muitas vezes tem a ver diretamente com sua personalidade).
ResponderExcluirOlá Rosa, muito obrigado por comentar. Sua visita é sempre bem-vinda. Em relação "Camille Claudel”, eu tenho o filme, mas ainda não vi, por isso não posso comentar. Enquanto ao longa-metragem, “Sombras de Goya”, realmente não tem o enfoque na vida do pintor, pois já tem outro filme que fez isto: “Goya” de Carlos Saura, que nunca assisti, porque é extremamente difícil de encontrá-lo. Talvez “Agonia e Êxtase” seja um pouco romântico, mas mostra o verdadeiro artista. Aquele que busca intensamente sua arte.
ResponderExcluirMais uma vez obrigado!
Abraços
Olá! É a Ana Carla, d´O Livreiro... (jura que vai saber né! rs)
ResponderExcluirGostei do post e deixo uma sugestão: poderia incluir o filme "Garota com brinco de pérola" ( Girl with a pearl earring). É um filme bem bacana! Abraços!
É claro que lembro-me de você, Ana! Conheço todos meus amigos do Livreiro, e é impossível não recordar-me de alguém tão notável: leitora de Faulkner, professora de História e inteligentíssima. É um imenso prazer e alegria sua visita e seu comentário por aqui! Muito obrigado!
ResponderExcluirInfelizmente o post incluiu poucos filmes. "Garota com brinco de pérola" não me agradou muito, sinceramente esperava mais, porém realmente é um filme delicado e com ótima fotografia. E, sem dúvida, ele pode ser incluindo num outro post. Um detalhe, esse longa-metragem foi baseado no livro homônimo de Tracy Chevalier.
Valeu a dica, Ana! Mais uma vez obrigado pelo carinho e pela participação!
Abraços
sugiro um muito melhor sobre o Goya. Chama-se Goya e é do Carlos Saura. Se nunca viu, veja, porque vale MUITO a pena. Esse filme é uma verdadeira obra de arte!
ResponderExcluirAh! E o filme sobre o Modigliani! Tb é muito bom, embora não seja uma real obra de arte, como o citado acima, na minha modesta opinião, é claro.
ResponderExcluirJuliana, obrigado pela visita e pelas dicas. Sobre Modigliani já está anotado. Em relação ao filme “Goya”, ver o comentário acima do dia 6 de maio. Mais uma vez agradeço o carinho.
ResponderExcluirAbraços.