[Briga de Gatos (1786-1787) - Goya]
O Gato de Rua
O gato de rua é arisco,
Desconfiado,
Mas igual aos outros gatos.
Pula janelas e telhados
Ronrona
Lambe-se
Tem olhos ágeis de cristal puro
Assombra a noite
A noite o torna assombrado.
O gato de rua
Suja-se na terra e procura alimento na lixeira
E dorme ao relento
E se molha durante o temporal
E briga com outros gatos por causa de uma gata.
Tem sete vidas
Mas morre atropelado,
A vassouradas, envenenado
E por espingarda de chumbinho.
É odiado por cães,
Donas de casas pragmáticas
E por tiozinhos estúpidos.
O gato de rua arranha,
Morde,
Caça pássaros, ratos e insetos.
Pode transmitir toxoplasmose
É suscetível a parasitas e doenças severas
E às vezes sobrevive da caridade de algumas pessoas
Recebendo pão amanhecido e leite frio.
O gato de rua é igual aos outros gatos
Pois também é contrário ao colo
Ao dono
Tem seu próprio estilo
Mas mia quando sente fome
Sede, dor ou deseja ser acariciado.
Assim como nós, o final.
ResponderExcluirAdoro esse Goya.
http://vemcaluisa.blogspot.com/
Alexamigo
ResponderExcluirDeixa que te diga que eu sou mais da prosa: jornalista e dizem que... escritor. Para os meus 69 anos, não é mau de todo.
Porém, este teu poema é o que aqui (deste lado do nosso Atlântico) dizemos: um achado. Excelente.
"O gato de rua é arisco,
Desconfiado,
Mas igual aos outros gatos.
Pula janelas e telhados
Ronrona
Lambe-se
Tem olhos ágeis de cristal puro
Assombra a noite
A noite o torna assombrado" é muito bom. Parabéns.
Lá no meu covil tenho mais um PASSATEMPO/CONCURSO, com prémios: livros e CDs de música portuguesa. Até ao dia 14.
Abs
Vanessa, compartilhamos o mesmo gosto e admiração pelas pinturas desse espanhol, gosto principalmente da fase negra dele e o que dizer de “Três de Maio de 1808 em Madrid”?
ResponderExcluirAntunes Ferreira, agradeço os elogios. Não creio que seja um “achado” é apenas um rascunho tosco. Mas fico contente que tenha gostado. Passarei pelo seu blog com muito prazer. Mais uma vez agradeço o carinho.
ResponderExcluirForte abraço.