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sábado, 8 de maio de 2010

Poema - Última despedida

[Imagem por N.J]

Tu partes neste outono
Nesta lua nesta noite obscura

Tu partes
Com meu coração
Palpitando no teu
E com minha boca
Na tua

Tu partes como um fio de rosa
A se desmanchar nas docas
E a se perder num mar escuro

O silêncio invade à tarde
A violeta o mundo
A janela não abre
Tu partes

Custa saber
Que nunca mais
Ver-te-ei em meus braços
Tocarei em tuas mãos

Partir é ocasião
E todos partem

Mas custa-me saber
Que não voltas
Que são águas a escorrer
Brandas mansas e lentas
Entre as portas que tu fechas

Partir corta
Talha dilacera
Este perfume
Este sorriso estas palavras
E tudo esvai
E cai
Silencioso e vazio

Tu partes
Com uma parte de mim
E deixa outra parte de ti
Fundir-se lentamente
Em minha alma

Alex Zigar

8 comentários:

  1. Me arrepiei com seus poemas, suas fotos, sua sensibilidade...
    Estarei por aqui, sempre! Seguindo=D!
    Bom fim de semana!
    Franck
    PS: Se tiver curiosidade, vá ler um poema comigo, no meu blog...

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  2. Obrigado Franck pelo elogio. Seja bem-vindo as essas letras destoantes! Fico contente que tenha apreciado estes meus poemas grotescos. E, sem dúvida, passarei pelo seu blog.

    Mais uma vez obrigado.

    Abraços!

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  3. Oi Alex!
    Você captou bem o irreversível da partida... Acertou em cheio em alguma coisa aí no meio, no ritmo, nas palavras, que me deixou tocada(talvez porque essas partidas, que levam e deixam algo forte, sejam ainda, ao menos para mim, impossíveis de aceitar). Acho que quando os poemas mexem com as pessoas há de ser bom sinal.

    Abraço!

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  4. Olá Rosa, obrigado pelo comentário carinhoso. Realmente despedida são difíceis, principalmente aquelas de relações tão boas, seja amigável, amorosa ou fraternal. As nossas vidas são sempre marcadas por adeus. Afinal, mais cedo ou mais tarde perderemos alguém que amamos.

    Abraços!

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  5. Procuro seguir o que me toca, me faz sentir, me faz ser parte.
    O partir demonstrado de maneira tão sublime, até faz com que nos conformemos mais facilmente.
    Tuas escritas fascinam.
    Parabéns.
    Marcelly

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  6. Olá Marcelly, obrigado pela visita e pelo comentário afetuoso! Seja bem-vinda ao espaço mais dissonante da internet! Fico feliz que estes poemas destoantes tenham de alguma forma lhe tocado. É um grande prazer ler o que você escreveu, fico muito contente! Muito obrigado!

    Abraços!

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  7. Que triste, melancólico, lamentoso...

    Mas devo dizer que são o tipo dos poemas que mui aprecio por que gosto de ver as tristezas, as mazelas, as desgraças e os dissabores refletidos na arte já que a arte imita a vida e a vida nuca foi e tampouco será um mar de rosas, antes sim uma sucessão de desgraças.

    Tendes um estilo que não mais encontro por aí por esta imensa blogosfera.
    A sutileza de vossos versos dão aquele ar especial e um pouco letárgico que eu (meio masoquista) muito busco quando me deparo com algumas obras.

    Ótima postagem, amigo.
    Até mais!
    E continuai vosso belo trabalho.

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  8. Mais uma vez agradeço o carinho, João. Sou eu quem fica admirado com sua presença aqui, afinal, há poucos poetas nesta blogosfera. Não que escreva, mas que leia, pois só entende um poema, quem é verdadeiramente poeta.

    Realmente alguns poemas tendem a ser mais melancólicos, apesar de não quer afundar-me em temas apenas tristes. Mas como já citei em outro escrito “ Os melhores poemas nascem da dor”.

    Mais uma vez obrigado!

    Abraços!

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